É com prazer que eu, Misto-X (diretor, criador, gerente, idealizador e administrador deste blog), anuncio uma nova categoria do blog: "trecho sem apetrecho".
Aqui serão postados textos de autores já consagrados da literatura nacional e internacional.
O nome "trecho sem apetrecho" foi assim entendido pela equipe de comunicação e marketing desta revista eletrônica:
"Trecho" por ser apenas uma pequena amostra da produção bibliográfica do escritor; "sem apetrecho" por não explicarmos ou darmos qualquer informação (útil ou não) sobre a obra ou o escritor.
"Trecho" por ser apenas uma pequena amostra da produção bibliográfica do escritor; "sem apetrecho" por não explicarmos ou darmos qualquer informação (útil ou não) sobre a obra ou o escritor.
Os textos serão indicados por cada um dos nossos colunistas (e também por mim).
A indicação de hoje foi feita por Fróid Kinsei Suplincí, o autor é Manuel Bandeira.
Nú
Quando estás vestida,
Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas.
(Assim, quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
No profundo céu.
Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite.
Brilham teus joelhos,
Brilha o teu umbigo,
Brilha toda a tua
Lira abdominal.
Teus exíguos
- Como na rijeza
Do tronco robusto
Dois frutos pequenos -
Brilham.) Ah, teus seios!
Teus duros mamilos!
Teu dorso! Teus flancos!
Ah, tuas espáduas!
Se nua, teus olhos
Ficam nus também:
Teu olhar, mais longe,
Mais lento, mais líquido.
Então, dentro deles,
Bóio, nado, salto
Baixo num mergulho
Perpendicular.
Baixo até o mais fundo
De teu ser, lá onde
Me sorri tu'alma
Nua, nua, nua...