17/03/2012

Capítulo 2

"Baiano" era o apelido dado por alguns de seus amigos: os vagabundos e moradores de rua (não os mendigos, mas moradores de rua por opção). 
Já os vizinhos o chamavam de "jumento".

Se é verdade que as orelhas esquentam quando nos maldizem, está explicado o motivo da vermelhidão de sua pele. Não só das orelhas, mas também das bochechas, da testa, do nariz e das entradas que possuía no couro cabeludo.

Esse infeliz era juntado com a "gorda explodida de gordura", e assim formavam o casal exemplar da rua: todos os dias com brigas, gritarias e algum "show", pois um ser humano que se preze jamais deixaria de chamar a atenção dos outros sobre si.
Ao menos assim parecia que pensavam os dois.

Um sujeito que provavelmente tinha problemas de audição, visto que além de não conseguir escutar música em volume que não incomodasse toda a vizinhança, falava aos gritos.

Vinha ele de algum interior baiano para atazanar, sem intenção, o pessoal daquela rua. Dessas pessoas que além de ter tido uma péssima educação não possuem um “desconfiômetro”.
Calvo de cabelo claro, com o ombro sempre abaixado e curvado para frente, seus braços ficavam pendurados quando andava – lembrava uma das figuras retratadas nos quadros da evolução do símio ao homem.
Feitos um para o outro. Ele e a gorda. Por mais que brigasse com a gorda e a gorda com ele, jamais se deixavam. 
Parecia ser claro que não havia no planeta outros seres capazes de aturá-los.

 
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